quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Maluco do Punhal | Cap. 18


(Leia o primeiro capítulo da série: Maluco do Punhal Cap. 1)  

O telefone tocou, quebrando, com um estardalhaço exagerado, o silêncio na mansão do coronel Abigail. O velho emergiu do estado de introspecção no qual estava mergulhado. Atendeu. Era o delegado Frederico. A voz segura e ameaçadora trazia más notícias. Sem ponderações, desatou a falar sem deixar transparecer qualquer vestígio de sensibilidade:

 – Seu filho, o que chamam de Buzina, foi atingido com um tiro no peito. Segundo os peritos, o projétil deve ter atingido o coração. Ele morreu na hora. O corpo está no bar de Zé de Piló. Já era para o senhor ter sido comunicado, mas o oficial encarregado de fazê-lo hesitou. Novato, não quis ser o portador da notícia ruim. Sabe que o senhor inspira neles certo temor...

O poderoso Abigail já não ostentava a mesma imponência desde a visão, mais cedo, da lâmina brilhando ao sol. Sabia que aquela aparição macabra traria o mal consigo e recebeu aquela informação com uma estranha tranquilidade. Interrompeu laconicamente a fala sem pausa do delegado Frederico:


 – Certo... estou... indo. 

(Continua no décimo nono post da série: Maluco do Punhal | Cap. 19)

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